Mercado imobiliário registra saldo positivo no ano, apesar da perda de dinamismo no último trimestre
O número de vendas de novos imóveis cresceu 12,8% em 2021, em comparação com o ano de 2020. Os lançamentos registraram aumento de 25,9% e a oferta final fechou o período com 3,8% de crescimento. Considerando somente os três últimos meses do ano, em relação ao trimestre anterior, as vendas subiram 3,6%, os lançamentos cresceram 24% e a oferta final ficou em 10,4%.
As informações fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2021, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (21), com os dados coletados e analisados de 176 cidades pesquisadas, sendo 22 capitais, de Norte a Sul do país. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
De acordo com o levantamento, os lançamentos e as vendas do segundo semestre foram afetados pela mudança do cenário econômico e principalmente pelos efeitos do aumento de custos dos insumos da construção. Além disso, houve uma redução efetiva no poder de compra das famílias. Entretanto, de acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, apesar da perda de dinamismo no último trimestre, o ano se encerrou com saldo positivo no mercado imobiliário.
“Vontade de compra tem, a questão é se o imóvel cabe no bolso. Continuamos crescendo, mas se não acontecesse o aumento dos insumos o ano teria sido muito melhor, inclusive porque houve redução do poder de compra devido ao aumento de inflação e taxas de juros. O IPCA chegou a 10% e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) foi o dobro (20%), ou seja, o custo da construção subiu mais que a reposição de salários e isso descasa com a capacidade de compra da tão desejada casa própria. Hoje deixamos de vender porque as pessoas não têm capacidade de compra. E o emprego de amanhã pode ser prejudicado com as baixas vendas de hoje” alertou Martins.
Segundo Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, os preços dos imóveis registraram aumento de 6,12% no último trimestre de 2021, em relação ao trimestre anterior. Petrucci destaca que as construtoras não estavam repassando o aumento nos custos ao preço, mas que agora o consumidor final está absorvendo a elevação dos materiais.
“Tivemos esse crescimento de 6%, mas quando observamos a curva do INCC não houve reposição total de preço. Outra coisa bem característica é o fato de ser muito mais difícil repor preço no Casa Verde Amarela do que nas unidades de mercado, pois acaba saindo do bolso do consumidor essa diferença”, destacou Petrucci.
No programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA), as vendas aumentaram 3,4% em 2021 em relação ao ano anterior. Para o presidente da CBIC, o mercado deve ser afetado positivamente pela nova curva de subsídios que entrará em vigor entre março e abril deste ano. A expectativa da CBIC é que a melhora nas vendas do CVA poderá fazer com que os números dos indicadores de 2022, em unidades, fiquem próximos a 2021. “Uma nova compensação do Casa Verde Amarela está prevista para março e é positiva. Com essa melhora da nova curva de subsídios do FGTS, a expectativa é de ter um ano de estabilidade, com crescimento no programa habitacional e um pouco de redução em outros nichos de mercado”, ressaltou Martins.
Lançamentos
Em comparação com 2020, os lançamentos aumentaram 25,9%. A região Sudeste liderou com crescimento de 32% e 159.662 unidades lançadas no período. Centro-Oeste registrou aumento de 29,3%, com 20.186 unidades lançadas, o Nordeste cresceu 22,1%, com 37.643 lançamentos. Na região Sul foram 41.884 lançamentos e aumento de 11,8% e a Norte teve 6.303 lançamentos, com crescimento de 0,8%.
No comparativo entre o 3º trimestre de 2021 e o 4º, o valor geral lançado (VGL), que é a multiplicação do número de unidades lançadas com o valor cobrado por cada uma, a variação foi de 42,5%, somando R$ 42 bilhões. Em 2021, a variação foi de 48,9% em relação ao ano anterior, com VGL de R$ 116 bilhões.
A oferta final aumentou 10,4% no 4º trimestre em relação ao anterior e chegou a 232.566 unidades ofertadas, não vendidas, em dezembro de 2021. Considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, se não houver novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 10,7 meses.
A oferta final aumentou 10,4% no 4º trimestre em relação ao anterior e chegou a 232.566 unidades ofertadas, não vendidas, em dezembro de 2021. Considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, se não houver novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 10,7 meses. “Os lançamentos consolidados do ano tiveram crescimento de 25% em relação a 2020. Em 2021 observamos um crescimento forte até 2º trimestre, seguido de estabilidade e uma pequena queda no 4º trimestre, mas ainda assim registrando um recorde na série histórica”, destacou Petrucci.
Vendas
No total do 4º trimestre, as vendas registraram aumento de 3,6%. Contudo, somente a região Sudeste registrou aumento nas vendas, com 15,5% e 39.556 unidades vendidas no trimestre. A região Norte foi a que registrou maior queda nas vendas no período, que chegou a 22,9%, com 1.428 unidades.
Considerando o ano de 2021 em relação a 2020, a região Nordeste registrou maior percentual de crescimento, com 16,7% a mais nas vendas, seguida da região Sudeste, com aumento de 14,3%, Centro-Oeste (11,1%), Sul (8,2%) e Norte registrou queda de 4,6%.
Considerando o ano de 2021 em relação a 2020, a região Nordeste registrou maior percentual de crescimento, com 16,7% a mais nas vendas, seguida da região Sudeste, com aumento de 14,3%, Centro-Oeste (11,1%), Sul (8,2%) e Norte registrou queda de 4,6%. “Por estarmos em ano eleitoral, associado a outros fatores econômicos, acredito que teremos um ano de 2022 igual ao de 2021, quer nos lançamentos ou vendas”, previu Petrucci.
Casa Verde e Amarela
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais ainda analisou a participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA) no total de unidades lançadas e vendidas em todas as regiões brasileiras. No último trimestre de 2021, em relação ao trimestre anterior, o número de lançamentos subiu 28,3%, as vendas caíram em -0,3% e a oferta final registrou 12,1% de alta.
No 4º trimestre, a participação do programa no total de unidades vendidas registrou leve queda, passando de 47% no 3º trimestre para 45%. Em relação aos lançamentos, do total do 4º trimestre, 41% foram do Casa Verde e Amarela.
A região com o maior número de unidades vendidas pelo CVA no último trimestre de 2021 foi a Sudeste com 18.167, seguida da região Nordeste com 5.248. A região Sul teve 3.614 vendas pelo programa habitacional, a região Centro-Oeste teve 1.660 e a região Norte, 721.
Intenção de compra
O estudo apresentou, ainda, números sobre a intenção de compra de imóveis da população. De acordo com o levantamento, a intenção dos últimos 12 meses se manteve estável em 5%, em fevereiro de 2022, o mesmo índice de novembro do ano passado.
Os entrevistados apontaram que 62% não possuem intenção de compra no Brasil, 20% tem intenção, mas não começou a procurar ativamente. 12% possuem intenção, mas procuraram apenas na internet e 6% têm intenção e já começaram a visitar imóveis e stands de vendas.
Para Marcos Katharlian, sócio-fundador da Brain Inteligência e Estratégia, vale destacar que o interesse de compra do consumidor se manteve estabilizado. “A pesquisa apontou que 38% das famílias querem comprar um imovel nos próximos meses e anos. Nossa dúvida era se a intenção ia continuar em queda ou não, mas o patamar de intenção se estabilizou nessa média, que é bastante razoável”, afirmou Katharlian.
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(Com Agência CBIC)
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