Construção civil, mercado imobiliário e Iphan unem vozes por habitação social no DF

02 jul 2025

Foto – Sinduscon-DF | Divulgação 

O futuro urbano de Brasília e a demanda por habitação social foram temas centrais de um encontro, nesta terça-feira (1°/7), no Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF). Os presidentes da entidade, Adalberto Cléber Valadão Júnior, e da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI DF), Roberto Botelho, lideraram a reunião com o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass. Ao lado de empresários do setor produtivo, os executivos expressaram preocupação com o déficit habitacional e defenderam a necessidade de mais oferta de habitação de interesse social.

A questão do déficit habitacional no DF é alarmante. O presidente do Iphan citou dados da Companhia de Planejamento (Codeplan) de cinco anos atrás, que indicavam que quase 10% da população vive em déficit habitacional, com picos de quase 50% em algumas regiões administrativas. Grass descreveu essa condição como habitação precária, coabitação excessiva ou dependência de aluguel elevado, que impede a inclusão social. Com a previsão de Brasília atingir 4 milhões de habitantes nos próximos 20 anos, segundo ele, há uma “necessidade de uma política séria, uma política habitacional coerente com essa realidade”, que inclua infraestrutura educacional, de saúde, segurança, comércio e mobilidade.

Grass defendeu o adensamento planejado em diversas regiões do DF, inclusive no Plano Piloto, para dinamizar a economia e gerar vocações econômicas. Ele enfatizou a necessidade de integrar a visão habitacional com outras políticas públicas, especialmente a mobilidade urbana, que hoje sobrecarrega a área central. Também propôs que o Setor Comercial Sul seja um “case”, um “piloto importante dessa nova lógica da área tombada”, incentivando o adensamento com ferramentas como o crédito tributário, inspirado em Salvador.

Presidente da ADEMI DF, Roberto Botelho destacou que Brasília, ao longo das décadas, induziu a ocupação do Entorno por falta de oferta de moradia na capital federal. Segundo ele, esse movimento decorreu de um “equívoco de entendimento” na década de 1990, que associou o inchaço da capital à concessão de lotes gratuitos, levando a uma interrupção de políticas habitacionais e, consequentemente, a uma “expansão da mancha urbana ilegal do Distrito Federal”.

O dirigente criticou a mentalidade do “no meu quintal não”, que acaba transferindo o problema para as cidades vizinhas, gerando custos para o DF em saúde e educação, além de sobrecarregar a infraestrutura da capital, como o tráfego na Ponte JK, onde 40% do fluxo vem do Entorno.

Foto – Sinduscon-DF | Divulgação

Adensamento – Para enfrentar o expressivo déficit habitacional do Distrito Federal, que atinge quase 10% da população, o presidente do Sinduscon-DF defendeu a participação ativa da iniciativa privada. Ele disse que a capacidade do setor privado para resolver o problema é “infinitamente maior do que a do setor público”. Além disso, defendeu uma lei robusta para a revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) do Distrito Federal, a fim de inibir a ocupação ilegal do solo.

Valadão Júnior mencionou um “tripé” de condições essenciais para a participação das empresas no segmento de interesse social: a já aprovada Lei de Parcelamento do Solo; um PDOT que “garanta uma visão mais moderna e mais eficiente em relação a adensamento” e uma lei de licenciamento ambiental mais ágil e simplificada. O objetivo dessa combinação, conforme explicou, é acelerar os processos de parcelamento e solucionar o déficit habitacional mais rapidamente.

Os presidentes do Sinduscon-DF, da ADEMI DF e do Iphan concordaram que o tombamento e a preservação cultural convergem na busca por um desenvolvimento urbano planejado e eficiente. “O tombamento não precisa ser uma ferramenta de engessamento do desenvolvimento”, disse o líder do sindicato.

Grass enfatizou que a “preservação não é inimiga do desenvolvimento, não é adversária da atualização”. Ele criticou o “senso comum, às vezes, até equivocado, de que tombamento, preservação, engessa, inviabiliza, atrapalha”. “Patrimônio cultural é uma grande ferramenta de desenvolvimento”, destacou, citando outras partes do Brasil e do mundo.

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Imprensa Ademi-DF

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