Empresários têm expectativa positiva, mas mão de obra e carga tributária preocupam

30 jul 2024

Os empresários da Construção Civil estão com expectativas positivas para o nível de atividades do setor. Entre os fatores apontados estão a queda da taxa de juros (apesar do patamar ainda elevado), as boas projeções para as novas medidas do programa Minha Casa, Minha Vida e a expectativa em torno do Programa de Aceleração do Crescimento, assim como o incremento da projeção da economia brasileira.

Os dados fazem parte da Sondagem Indústria da Construção, cujos resultados de julho foram divulgados nesta segunda-feira (29), durante coletiva de imprensa online realizada pela Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC) sobre o desempenho econômico do setor da construção no 2º Trimestre de 2024 e perspectivas para o ano, incluindo dados sobre a geração de emprego, custo da construção e principais problemas.

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A Sondagem é realizada mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o apoio da CBIC. O objetivo é acompanhar a evolução da atividade da Construção, do sentimento do empresário e das suas perspectivas. Os indicadores são importantes para a análise de curto prazo do desempenho da Construção no Brasil e também para a previsão de sua evolução futura.

“O empresário mantém a sua expectativa positiva. De acordo com a sondagem, que vai de 0 a 100, o empresário está agora com a expectativa de 54,6 pontos, ou seja, já é superior ao mês de junho e superior ao mês de maio”, explicou Ieda Vasconcelos, economista da CBIC. “O índice permanece em patamar elevado e gerando expectativas para o nível de atividade, novos empreendimentos, compra de matérias-primas e número de empregados”, acrescentou.

O levantamento também aponta a avaliação de que as obras de reconstrução do Rio Grande do Sul podem gerar efeito mais positivo no setor.

Preocupações


Os empresários ouvidos, no entanto, apontam que a elevada carga de impostos sobre o setor é a principal causa de preocupação. A elevada carga tributária se manteve na primeira posição no ranking, assinalada por 28,3% dos empresários. É o indicador mais alto para esse tema desde o 4º trimestre de 2022. Para o presidente da CBIC, Renato Correia, o dado é  resultado é sintoma das incertezas a respeito da regulamentação da Reforma Tributária no Congresso Nacional, que pode até dobrar a carga de impostos sobre a construção, especialmente de moradias.

A pesquisa mostra que a falta ou alto custo de trabalhador não qualificado foi assinalada por 24,7% dos industriais e ficou em segunda posição no ranking de principais problemas. Frente ao primeiro trimestre, a dificuldade aumentou 9,9 pontos percentuais.

O problema de taxas de juros elevadas ocupou a terceira posição, apontado por 24,0% dos entrevistados e a burocracia excessiva ficou na quarta posição, segundo 20,1% dos industriais.

“Nós vemos aqui claramente a preocupação do empresário no setor com a Reforma Tributária e com o redutor de 40% sobre a alíquota geral de 26,5% prevista, porque ele não é suficiente para manter a neutralidade da carga do setor. Eu acho que o empresário passou a conhecer o quanto de impostos que ele paga com essa discussão da regulamentação da Reforma, porque a gente não conhecia. É importante que a gente mantenha a carga tributária na neutralidade, ou seja, não vamos aumentar nem diminuir a carga sobre o setor. Tem que ser mantida para que a gente não desestruture um setor complexo de longo prazo e de difícil estruturação de mercados e de produção”, argumentou o presidente da CBIC, Renato Correia.

Outra grande preocupação apontada pelos participantes da pesquisa é a falta ou o alto custo da mão de obra não qualificada, item com maior percentual desde o início da série histórica (2015) e maior crescimento, ao passar de 14,9% no 1º trimestre de 24 para 24,7%, ou seja, aumento de 9,8 pontos percentuais. “Quem é entrante no setor, quem é novato, precisa passar por uma qualificação. O setor passou ao longo desses anos por uma transformação nos critérios de produção, nos procedimentos de execução de serviços, nas questões de segurança de trabalho, com muito treinamento, com muita metodologia, então há essa necessidade de trabalhadores mais qualificados”, destacou Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O tema tem interface com o projeto ‘Inteligência Setorial Estratégica’, realizado pela CBIC, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).

Condições financeiras ainda indicam insatisfação do setor

No segundo trimestre, a percepção de alta de preços dos insumos e matérias-primas foi mais intensa e disseminada entre os empresários da construção. O índice subiu de 58,6 pontos para 61,8 pontos.

A insatisfação com a margem de lucro operacional ficou com 45,6 pontos e a situação financeira com 48,7 pontos no trimestre. Apesar de terem apresentado aumento quando comparada com o primeiro trimestre do ano, os indicadores seguem abaixo da linha divisória de 50 pontos, que separa satisfação de insatisfação.

O índice de acesso ao crédito saiu de 38,5 para 39,1 pontos, significando que empresários industriais seguem com dificuldades para conseguir financiamento.

Atividade industrial estável em junho

O índice do nível de atividade avançou 2 pontos, passando de 47,9 pontos, em maio, para 49,9 pontos, em junho. Ao ficar bem próximo da linha divisória, o índice mostra que o nível de atividade ficou estável na passagem de maio para junho.

Já o índice do número de empregados caiu de 49 pontos para 48,8 pontos em junho. Como o índice continuou abaixou da linha divisória dos 50 pontos, o emprego segue em queda na comparação com o mês anterior.

Confiança da construção caiu em julho

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Construção recuou 1,1 ponto, de 52,9 pontos para 51,8 pontos. A queda está relacionada, principalmente, ao Índice de Condições Atuais, que mensura a percepção dos empresários acerca das condições correntes da economia brasileira e da empresa. O índice caiu 2,3 pontos em julho, passando de 47,8 pontos para 45,5 pontos.

Além disso, a avaliação das condições correntes da própria empresa se tornou negativa: o Índice de Condições Atuais da empresa caiu de 50,8 pontos, em junho, para 49,3 pontos, em julho.

Já o Índice de Expectativa, que mede as perspectivas dos empresários acerca da própria empresa e da economia brasileira, recuou 0,5 ponto na passagem de junho para julho. Apesar da queda, o índice ainda está acima da linha divisória dos 50 pontos, indicando que as perspectivas seguem favoráveis.

Intenção de investir segue alta

Em julho, o índice de intenção de investimento da indústria da construção manteve-se inalterado em 46,6 pontos. Esse resultado é superior ao registrado em julho de 2023 (46,0 pontos) e maior que o de julho de 2022 (45,0 pontos).

Com isso, o indicador permaneceu estável, em patamar elevado, já que a média histórica do índice de intenção de investimento é de 37,5 pontos.

Mais sobre a Sondagem Indústria da Construção

A Sondagem Indústria da Construção foi lançada em 2010, seguindo os moldes da Sondagem Industrial, e tem como objetivo conhecer a tendência da atividade e as expectativas dos empresários da indústria da construção. Os empresários são questionados sobre os próximos seis meses. Para este levantamento, foram consultadas 338 empresas do ramo de construção entre os dias 1º e 9 de julho.

Com informações da Agência CNI de Notícias

A ação integra o projeto “Inteligência Setorial Estratégica”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).

(Com Agência CBIC)

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Imprensa Ademi-DF

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