A indústria da construção prevê um crescimento de 2,5% em 2023, em um ritmo de três anos consecutivos de expansão acima da economia nacional. A projeção considera a evolução consistente dos últimos dois anos, o ciclo de negócios do mercado imobiliário em andamento e a demanda habitacional sólida. A expectativa do setor para o próximo ano é positiva, segundo afirmou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
Ele avalia que nos próximos anos os investimentos no setor devem passar pela infraestrutura. Martins ressaltou que, embora a perspectiva e os números sejam positivos, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já apresentou. Esse maior desempenho foi registrado no início de 2014.
Ao analisar o desempenho da construção neste ano e as perspectivas para 2023, Martins destacou a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB nacional para o país crescer de forma mais sustentada. A participação do PIB da construção vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, era de 6,5% no PIB total do país. Em 2021, o percentual foi de 3,3%. Segundo Martins, nos países desenvolvidos, essa participação é em torno de 7%.
“Essa é uma decisão estratégica. Para fazer com que o país cresça realmente, para que que ele tenha desenvolvimento social, desenvolvimento humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas”, disse. Para dobrar a participação do setor da construção no PIB nacional nos próximos cinco anos, Martins afirmou que a CBIC desenvolve uma pauta com o foco em quatro pontos: produtividade, competitividade, sustentabilidade e construção com desenvolvimento social.
“É prioritário que o nosso setor seja mais produtivo, que a competitividade setorial aumente e, para isso, é preciso do desenvolvimento tecnológico. Para ter desenvolvimento tecnológico, é preciso capacitar, inovar, incorporar muita tecnologia de gestão”, afirmou.
Crescimento do setor
No último biênio (2021/2022), a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. Só nos 12 meses, encerrados em setembro deste ano, a construção cresceu 8,8%. No fechamento de 2022, o setor deverá registrar incremento de 7% em seu PIB, superando a projeção anterior de 6%. Os números mostram que a atividade do setor encerrou o terceiro trimestre do ano está em patamar 16,4% superior ao período pré-pandemia, considerando o quarto trimestre de 2019.
A economista Ieda Vasconcelos, da CBIC, responsável pelo levantamento dos dados, destacou que a abertura de novas vagas de trabalho também foi bastante positiva, refletindo diretamente o bom desempenho do setor em seu mercado de trabalho. Em pouco menos de dois anos, a construção civil gerou mais de meio milhão de empregos com carteira assinada. Só nos primeiros dez meses deste ano, foram mais de 288 mil vagas formais. O número de trabalhadores na construção supera 2,5 milhões, retornando ao patamar de 2015, considerando os dados do Caged e novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
“Os bons resultados do mercado de trabalho da construção foram registrados em todas as regiões, mostrando que o melhor desempenho do setor está disseminado pelo país”, pontuou Ieda. Com exceção de Roraima, todos os estados registraram saldo positivo na geração de novas vagas, considerando o acumulado de janeiro a outubro deste ano. São Paulo (71.063), Rio de Janeiro (33.410), Bahia (24.479), Minas Gerais (24.071) e Santa Catarina (17.075) apresentaram os melhores resultados no período. Entre as cidades com mais vagas criadas estão São Paulo (30.330), Rio de Janeiro (14.842), Salvador (10.106), Brasília (8.047) e Fortaleza (6.641).
Com relação ao custo com materiais e equipamentos de construção, houve aumento de 52,50% de julho/2020 a novembro/2022, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas. No mesmo período, a inflação oficial do país registrou aumento de 20,82%.
Desde junho/ 2022 observa-se uma desaceleração das elevações do custo da construção, que se justifica pela menor variação do custo com materiais. Em destaque a redução do preço dos vergalhões e arames de aço ao carbono dentro do INCC/FGV. De julho/20 até maio/22 este insumo aumentou de 91,6%. E de junho/22 até novembro/22 houve uma queda de 7,32%. A economista lembra que em maio houve a redução da alíquota de importação de 10,8% para 4%. “Essa medida pode ter contribuído para reduzir a queda do preço desse insumo nos últimos meses”, destacou.
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O estudo tem interface com o projeto “Banco de Dados da Construção – BDC”, em correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
(Com Agência CBIC)
Imprensa Ademi-DF