Em painel promovido pela CBIC, o economista analisou o cenário nacional e previu que crescimento não será sustentado
O economista Eduardo Gianetti foi o palestrante do último painel do primeiro dia do 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), nesta segunda-feira (18). Ele proferiu a palestra O Valor do Amanhã, título de um dos seus mais célebres livros. Embora a obra tenha sido publicada originalmente em 2005, fornece subsídios para uma discussão sobre os destinos que o país deve tomar a partir do fim da pandemia.
O debate foi coordenado pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, e teve ainda a participação do vice-presidente da instituição José Irenaldo Quintans e do cientista político Leonardo Barreto. Na abertura do painel, Martins ressaltou que a pandemia não intimidou o setor. “Crescemos e fomos resolvendo as circunstâncias ao longo do caminho.”
Gianetti começou sua palestra demonstrando que o ser humano adquiriu a arte de cooptar o tempo e faz isso por meio das trocas intertemporais e entre o passado e o futuro. “Podemos ser credores, o que significa escolher pagar agora e viver depois. Ou devedores, quando aceitamos um custo futuro para disfrutar agora, o que na economia se traduz nos juros”, explicou.
Pós-pandemia
Sobre o mundo e o Brasil no período pós-pandemia, Gianetti disse que há algumas certezas ao lado de outras incertezas. Segundo ele, o planeta estará mais endividado, tanto no que se refere aos países quanto às famílias, menos globalizado e mais digitalizado. “O Brasil, no pós-covid, terá que prestar muita atenção ao endividamento público, ainda que a relação entre a dívida do governo e o PIB tenha crescido, mas abaixo do esperado”, recomendou.
Para explicar sobre como a globalização será refreada, ele citou o exemplo da indústria farmacêutica, que tem 85% dos seus ingredientes ativos produzidos por China e Índia, e os problemas de fornecimento de semicondutores, que tem afetado diversas indústrias. Em relação ao digital, o exemplo foi a mudança na forma como os consumidores adquirem bens por meio da internet.
Incertezas
Quanto às incertezas, o economista avaliou que a disputa entre a engenhosidade humana e as novas cepas do coronavírus ainda não está resolvida. “É cedo para se cantar vitória, ainda que, no Brasil, a variante delta não tenha avançado tanto.” Já em relação à economia, Gianetti se mostrou ainda mais pessimista. “O Brasil vem em uma recuperação cíclica, com crescimento de 5% em 2021. No entanto, esse desempenho não pode ser extrapolado para o futuro.”
Gianetti disse não descartar uma guinada fiscal populista do governo nas vésperas da eleição de 2022. “Não acho que está contratado, mas o cenário exige atenção. Vamos ter um ano cheio de emoções, com ameaça de inflação e aumento dos juros. O quadro inspira cuidados”, pontuou.
O 93º Enic é uma realização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional) e de entidades do setor, com patrocínio do Sebrae, OrçaFascio, Konstroi, Agilean, Brain Inteligência Estratégica, Mútua e Predialize.
(Com Agência CBIC)
Imprensa Ademi-DF