MESMO COM PANDEMIA, VENDAS DE IMÓVEIS CAEM APENAS 2,2% NO BRASIL DURANTE O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2020

24 ago 2020

O Brasil registrou uma queda de 16,6% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no 2º trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. Embora as incertezas por causa da pandemia de covid-19 tenham interrompido uma tendência de crescimento que vinha desde janeiro de 2018, os impactos no mercado foram menores que os estimados anteriormente. Na comparação entre o 1º semestre de 2020 e o 1º semestre de 2019, as vendas caíram apenas 2,2%.

Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2020. Realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), o trabalho foi divulgado durante coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (24/8), com os dados coletados e analisados de 132 municípios, sendo 19 capitais, de Norte a Sul do Brasil. Algumas cidades foram analisadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.

Enquanto as vendas sofreram quedas leves, houve grande diminuição no número de lançamentos. Adiamentos em função da pandemia levaram a uma queda de 43,9% no número de lançamentos no 1º semestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. 

Previsão – Para a CBIC, a previsão é de um aumento substancial nos lançamentos no segundo semestre. Com as vendas praticamente estabilizadas e os lançamentos muito reduzidos no 1º semestre, em função do que foi adiado por conta da pandemia, a expectativa é que agora as empresas lancem aquilo que foi represado nos últimos meses.

Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a estabilidade no índice de vendas em plena pandemia é um dado bastante relevante e que comprova a força do setor. “Todo esforço que foi feito para a manutenção dos canteiros de obras funcionou. Tivemos uma queda de 2,2% nas vendas, o que é uma estabilidade total e demonstra como lidamos bem com a crise nesse período”, explicou.

Martins também prevê um boom de lançamentos no segundo semestre, o que é importante para a retomada econômica do país. “Nós represamos os lançamentos no 1º semestre, o que indica que no segundo os números devem crescer consideravelmente. A alta de lançamentos é importante porque representa emprego futuro. O Caged de julho já demonstrou isso, ao contratarmos mais que o dobro de mão de obra que o mesmo mês do ano passado. Estamos otimistas com os pés no chão. Sabemos das dificuldades, mas somos conscientes da nossa responsabilidade de ajudar o Brasil a sair dessa crise”, disse.

A divulgação dos Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2020 contou com a participação do secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa. Ele afirmou que irá propor uma série de medidas para ajudar a desburocratizar a construção civil. “Vamos apresentar um pacote de ações, já conversadas com a CBIC e outras entidades do setor, resolvendo problemas históricos. Precisamos desacorrentar os empresários para que eles façam investimentos e consigam crescer.”

Lançamentos – No 2º trimestre de 2020, os lançamentos de imóveis (16.659 unidades) apresentaram uma queda de 60,9% na comparação com o 2º trimestre de 2019. Houve redução no número de unidades lançadas em todas regiões. A maior queda foi observada na região Norte (660 unidades), com 73,3% menos lançamentos que no 2º trimestre de 2019, seguida pelo Nordeste, com diferença de 70,0% (3.244 unidades). A região Sudeste teve variação negativa de 68,3% (18.238 unidades).

No comparativo de lançamentos do 1º semestre de 2020 (37.596 unidades) com o 1º semestre de 2019 (67.034 unidades), houve queda geral de 43,9%. A maior diferença foi no Nordeste, com 6.690 unidades a menos ou 60,1% menos lançamentos que no mesmo período de 2019.

Vendas – No país todo, as vendas apresentaram uma queda de 23,5% no 2º trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nas regiões Norte e Nordeste praticamente não houve variação, com -0,5% e +0,1%, respectivamente. Na região Sul, houve variação positiva de 5,0% (333 unidades). As regiões mais afetadas foram a Sudeste, onde o número de apartamentos vendidos foi 39,3% menor (9.321 unidades a menos), e Centro-Oeste, onde o número de apartamentos vendidos foi 22,9% menor (947 unidades a menos).

No 1º semestre de 2020, houve queda de 2,2% no número de unidades vendidas em todo o país, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A maior variação positiva foi observada na região Sul, com aumento de 15,1% no número de unidades vendidas. No mesmo período, as vendas também cresceram nas regiões Norte (10,3%) e Nordeste (6,2%). A maior queda foi observada na região Centro-Oeste, com -12,8%, seguida pelo Sudeste, com variação negativa de 9,6%.

Com as vendas superiores aos lançamentos, a oferta final no 2º trimestre de 2020 apresentou uma queda de 8,7% em relação ao trimestre anterior, a primeira diminuição desde o segundo trimestre de 2019. Na comparação com o 2º trimestre de 2019, houve uma queda de 7,1% na oferta final no 2º trimestre de 2020. 

Minha Casa Minha Vida – O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º Trimestre de 2020 também analisou a participação do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) nas unidades lançadas e nas unidades vendidas por região brasileira. A representatividade do MCMV sobre o total de lançamentos, no período, foi de 55,6%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 56%.

O vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, reforçou o papel do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o MCMV. “A CBIC vem promovendo o aculturamento no Congresso da importância do Fundo para a geração de empregos, tributos e melhoria de vida para famílias. Conseguimos, via FGTS, colocar 500 mil operações no bolso de pessoas de baixa renda para acessar a primeira moradia. Por isso é tão importante o aprimoramento do MCMV pelo programa Casa Verde e Amarela, que será lançado amanhã”, explicou. 

Vendas Online – Na avaliação das empresas, no segundo trimestre de 2020 as vendas online supriram o fechamento dos pontos de venda. De abril a junho, mesmo com parte dos stands fechados em praticamente todo o país em função da pandemia de covid-19, as vendas foram mantidas. Em 32,5% dos locais pesquisados, foi observado aumento nas vendas.

Para Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Corporativa, que produziu a pesquisa, a digitalização do mercado imobiliário foi fundamental para que as vendas não desabassem no segundo trimestre. “A pandemia reforçou formas de negócio, fazendo com que portais como OLX e outras plataformas online batessem recordes de buscas por imóveis na internet”, destacou.

Durante a coletiva, Araújo também apresentou uma sondagem sobre impactos e desafios para o mercado imobiliário na pandemia, com dados atualizados até agosto. Um dos apontamentos é sobre a mudança na intenção de compra das famílias nos últimos 60 dias, o que comprova a retomada do setor. “De 40% das famílias com intenção de compra em agosto, 13% já estão visitando plantões de imóveis. Essa volta à estabilidade se baseia na comparação com os números de março, onde 43% das famílias tinham essa intenção. Ou seja, já estamos quase no mesmo patamar pré-pandemia”, disse. Clique para fazer o download da apresentação.

(Com Agência CBIC)

Autor

Imprensa Ademi-DF

Categorias

Parceiros